Vivências — Destino




Eu sou o tipo de pessoa que acredita em destino. Acredito mesmo, e em sinais e em tudo que possa estar no meio disso. É o tipo de coisa a que me agarro e só solto quando noto que realmente aconteceu, isso quando eu solto. Estava conversando com uma colega de classe sobre meu desejo de ser professora um dia. A vontade de usar metodologias diferentes, de fazer com que alunos se interessem e que exista sempre algo novo na forma de ensinar. Quando entramos nesse assunto a conversa que já estava animada se tornou mais, porque lembramos então de nossos professores, aqueles que nos incentivaram e, de alguma forma, mudaram nossas vidas.

Eu lembrei dessa minha antiga professora, Eunice. Uma senhorita que dava aulas em um colégio que estudei e que sempre foi ótima comigo. Uma vez ela me deu um livro e naquela época, sexta série eu acredito, eu já era viciada em leitura. Ia para a biblioteca do colégio com meu melhor amigo da época e liamos tudo que víamos pela frente. Quando ganhei esse livro dela, me senti tão feliz. Acho que uma felicidade que só um leitor pode sentir, ainda mais quando dado por uma das professoras que eu gostava tanto. Esse livro sumiu das minhas coisas, nada que entre nessa história, mas ainda assim é algo que preciso falar, porque eu sempre senti por não tê-lo conseguido ler todo. 


Minha conversa sobre professores acabou quando meu ônibus chegou. Eu me despedi e fui para casa. Hoje, indo pagar milhares de contas, eu cometi a burrice de esquecer de imprimir uma das contas e só lembrar disso na beira do caixa. Como estava em um mercado e dentro dele havia uma lotérica fiz um pequeno plano de última hora. Eu imprimira rápido na lan house, pegaria a fila da lotérica e pediria para alguém guardar meu lugar, iria para a fila do mercado e pagaria outra conta. E funcionou. Eu via as duas filas andarem, a da lotérica mais lenta, ainda assim estava pertinho. Antes de chegar ao caixa, a senhorinha atrás de mim na fila me chama.

Imaginem minha surpresa ao notar que a pessoa que estava ali era a minha professor da qual eu havia comentado na noite anterior ? Sempre que a encontro fico feliz, conversamos e colocamos o papo em dia. Falei de minhas amigas que estudaram comigo, falei da faculdade, do meu conto que foi publicado em 2014, falei do Jornal da faculdade o qual fiz parte e de como estou gostando de fazer rádio agora. Conversamos bastante, eu fui pagar minha outra conta e minha ex professora me esperou. Trocamos números de telefone e caminhamos juntas enquanto conversávamos sobre tudo.

Não sei quando notei que aquilo havia sido o puro e simples destino. Não existe outra explicação. Foi algo inesperado, algo que acontece raramente e que naquele momento aconteceu. E eu fiquei feliz por ter esquecido a conta, por ter feito planos mirabolantes para estar em duas filas ao mesmo tempo. Porque as vezes parece que tudo saí errado, mas não é isso. Isso é o puro, velho e simples destino. Ele vem, ele conserta o que tem que consertar, arruma o que está uma bagunça e no final...Bem, no final você consegue sorriso e pensar "Eu acredito no destino".




Vivências — Destino Vivências — Destino Reviewed by A escritora sonhadora on 00:08 Rating: 5

2 comentários

  1. Anotando trechos na agenda já! kkk
    Eu também tenho essa crença, a maioria dos - senão todos - planos que fiz não aconteceram exatamente como esperava, mas no fim sempre chegou um momento em que me senti grata por as coisas não saírem como planejado. Por isso gosto de acreditar que estou aberta ao imprevisto, mesmo que não pareça algo tão bom, porque eu sei que em algum momento vou dizer 'ainda bem que foi como foi'. :)

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    1. Hey, Ray. Estava até conversando hoje com uma colega sobre isso. São tantas coisas que acontecem e que nos mostram outra saída. Eu também me sinto grata quando tento de uma forma, sai de forma diferente e ainda assim é algo que no final ajuda.
      Não lembro quem me falou isso, só sei que alguém falou, que às vezes até o ônibus que você perde é por um motivo. É por uma razão maior. Lembro que quando li As Valkirias, de Paulo Coelho, um dos rapazes retratados no livro conta que sempre que ele sai de casa, esquece alguma coisa e volta ele reza para o anjo da guarda dele. Porque segundo ele é uma forma que o anjo encontra de protegê-lo. Achei lindo e tocante, porque muitas vezes é assim. Você esquece algo, perde um ônibus por exemplo e acha que é o fim do mundo, quando na verdade pode ser um sinal ou uma ajuda. Obrigada pelo comentário.

      Beijoos!!!

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