Resenha — "Estado de Graça" de Ann Patchett
(Capa do livro Estado de Graça)
Quem me acompanha pelo facebook sabe, porque cansei de falar sobre livro. Fiquei apaixonada por ele, por milhares de motivos. O primeiro, confesso, foi o preço que paguei por ele: 3,90. Sim, isso ai, por um livro novo, comprado pela internet. Quando vi a capa, mais uma vez confesso-lhes, que eu me apaixonei novamente. Já estava encantada pelo preço, então veio a capa, a sinopse e quando a história penetrou em minha mente, eu soube que havia feito a escolha certa. Só sinto por não ter comprado mais um exemplar para sortear aqui.
Mas como não aconteceu, vamos para a resenha ? Eu comecei esse livro sem realmente entender do que se tratava. Li a sinopse, achei fantástico, mas ela não me esclarecia muita coisa. Eu tinha muito que desbravar. A começar pela personagem principal, Dra. Marina Singh. Ela é uma mulher relativamente jovem, está na casa dos 40 e trabalha com o sr. Eckman que vai para a Amazônia a pedido do Sr. Fox, um dos executivos da empresa farmacêutica em que trabalha e que mantem um romance com Marina.
Só que no momento em que ele é dado como morto, Marina é a pessoa que deve ir lá se certificar de que o colega morreu mesmo e, claro, completar o trabalho que ele não conseguiu: Encontrar a Dra. Annick Swenson, uma bem sucedida médica que está tentando produzir uma droga da fertilidade no Brasil. Marina é praticamente obrigada a embarcar nessa viagem, percorrer boa parte do mundo para encontrar essa médica, com quem ela tem um passado e tentar arrancar dela como vai o andamento da tal droga.
Ela vai para Manaus, perde a bagagem e ainda encontra diversos contratempos para tentar encontrar Annick, mas tudo parece em vão. Aos poucos ao longo da viagem Marina passa por umas poucas e péssimas, queria poder não dar spoilers, mas ao falar do livro é meio impossível não soltar alguns. O clímax do livro não é o encontro de Marina com a Dra. Swenson, existe outras coisas por trás dessa droga, coisas que Marina, assim que chega a "terra prometida", o lugar onde as pesquisas estão sendo feitas, descobre que será quase impossível de descobrir.
Tem personagens dignos, mas que realmente não vou falar sobre, por dois grandes motivos, além claro, do spoiler que sempre tento não colocar nas resenhas: Ao ler vocês tem que se surpreender com essa história, ela é surpreendente e o fato de que jogar um spoiler, mesmo que desses personagens, seria um pouco de maldade, até porque ao longo do livro é bom vê-los aparecer.
Eu vejo essa história como uma grande evolução. Embora tenha minhas criticas, que logo explicitarei, eu gosto de como ele é escrito, gosto do fato de ter uma história por trás, de ter uma tribo em que as mulheres, mesmo aos setenta anos, conseguem ter filhos. Onde a personagem principal tem quarenta anos e ainda assim consegue ser assombrada por fantasmas do passado, por assuntos mal resolvidos que não se tratam de romance, são de vivência, de experiências profissionais.
Gosto mesmo do fato desse livro não ser focado no romance. Ele tem um lado diferente de tudo que já foi lido por mim. Porque ele mostra o trabalho árduo e duro, mas mostra também a amizade entre uma mulher e uma criança, mostra como nossos mestres podem nos influenciar em nossas decisões futuras e até mesmo o fato de algumas linhas, quando ultrapassadas, não podem voltar mais. Esse livro fala sobre uma revolução e ao mesmo tempo uma evolução.
É difícil defini-lo e dizer tudo que eu senti ao lê-lo, de como ele me marcou e de como me fez pensar da forma como boa parte do mundo vê o Brasil. Sobre as minhas criticas, talvez essa seja a mais forte, nunca estive em Manaus, mas fiquei bem chocada com a forma como foi descrita no livro, um amigo me tirou uma dúvida e disse que ela [a cidade] não é da forma como descrita no livro, então eu critico essa forma preconceituosa de descrever a cidade. Embora não possa afirmar ao certo, por nunca ter estado lá.
Outra coisa levemente irritante é o fato de que em outras histórias, sobre outros países, existe uma burocracia e tanto para entrar nos país e existe uma fiscalização rígida, coisa que na história não tem. Porque Marina vai para ficar duas semanas e ao final dessas duas semanas ela ainda está lá e continua por muito tempo mais, assim como Dr. Eckman, que ninguém fez o favor de: ou mandar fazer um atestado de óbito, ou procurar saber porque ele ainda não havia voltado. É uma daquelas coisas que talvez aconteça mesmo no país e por isso não sei se me irrito mais com o fato de que pode ser assim aqui, ou de alguém ter retratado isso em um livro de circulação mundial.
E por fim, mas não menos importante, esse livro tem um final super aberto, que me fez fazer o meu próprio final, porque pela transformação mental de Marina eu tenho quase certeza de que é isso que ela faria. Então, embora eu saiba que deve incomodar muitas pessoas, para mim foi uma grande sacada fazer um final desse ao invés de colocar um concreto.
É isso. O livro tem muito mais do que essa resenha pode mostrar, tem toda a peculiaridade da tribo Lakashi, dos doutores que estão fazendo as pesquisas, até mesmo a história que está por trás de tudo isso. Vale a pena ler e se deliciar com essa história.
Resenha — "Estado de Graça" de Ann Patchett
Reviewed by A escritora sonhadora
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