Supergirl e o Feminismo



Talvez eu não seja a mais apta a falar sobre o feminismo, embora seja feminista, já deixei passar muitas questões sem dar a devida atenção por não entender o suficiente ou não me expressar bem a ponto de conseguir explicar às outras pessoas. Neste caso, o assunto é de uma série que eu assisto e que, embora tenha muitos pontos positivos se tratando de personagens femininos, ainda me deixa decepcionada em diversos aspectos.

Para começar, quero explicar a vocês quem é a Supergirl, essa série, ela é uma heroína que vem a terra para cuidar do primo, mas ao invés de ser mandada para cá, ela acaba em uma zona em que o tempo não passa e fica presa lá até que um dia a nave em  que ela estava cai na terra e junto traz muitos prisioneiros de uma cadeia de outro planeta. Depois da queda de um avião, em que a irmã adotiva da Supergirl está, ela resolve salvar a irmã e mostrar ao mundo que existe uma heroína que eles ainda não conhecem.



Ai quem não viu a série, nem o trailer pensa "Poxa, como é que você pode falar mal de uma série assim, onde a heroína uma garota forte e que resolve ajudar todo mundo ?" Pois darei motivos para que você repense um pouco sobre Feminismo e a maneira como Supergirl o retrata.


A Abertura

Devo-lhes dizer que a primeira vez que vi a abertura da Supergirl eu quase tive um troço e não porque estava encantada e animada e louca para ver mais da série, mas porque foi extremamente vergonhoso e de mal gosto o que fizeram. Eu nunca vi, por exemplo, na Abertura da série Arrow ele falando que tem a ajuda de tal e tal herói. Não que exista um código ou uma regra que em séries de Super heróis as aberturas tenham que falar só sobre o personagem principal, não acho que tem que ser assim, mas a abertura de Supergirl extrapola a exploração de um outro personagem, um personagem que nem ao menos aparece na história e não tem tanta importância para a evolução e que mesmo assim é citado na abertura como se a série fosse dele e não dela.



Acho tudo bem ela dizer o que veio fazer na terra, mas no momento em que ela fala "Superman" eu sempre tenho a sensação de que a série é dele. Barry, de The Flash não faz isso, não diz "Eu consegui meus poderes depois de voltar de uma viagem à Starling City onde eu conheci o Arqueiro". Se ele não faz isso, porque uma heroína tem que citar o primo que nem aparece na série ?! É chato, não acrescenta em nada e ainda faz parecer que a qualquer momento Superman virá para a série para "tomá-la" para si.




Apelos românticos


Eu não me acho tão romântica, é verdade, mas nem por isso deixo de ver ou de gostar de romances. No papel e nas telas eu os acho bonitinhos, legais, tanto que torço para diversos casais. Mas os produtores de Supergirl, ao contrário de mim, acreditam piamente que todo episódio deve ser recheado de romance desnecessário e que a protagonista tem que ser uma topeira apaixonada logo na primeira temporada.

Se fosse por mim, o post inteiro falaria só das mancadas que os produtores e roteiristas dão com os romances de Kara, a Supergirl sinto muito Kara, tive que revelar sua identidade. Vou fazer mais uma comparação com outra série de herói porque acho que o caminho que estão dando a Supergirl é totalmente diferente do que dão aos protagonistas masculinos. Em Arrow, por exemplo, tem romance. Mas esse romance demorou três temporadas para acontecer de verdade.

Na primeira temporada Oliver era um cara que voltou de uma ilha e tinha mais o que fazer do que sair por ai se apaixonando por todo mundo com quem ele ficava. Custava fazer de Kara uma personagem que não se apaixona nos 20 minutos do primeiro tempo ? Eu respondo: Não, não custava. Kara tem muitas coisas para se preocupar, os ataques que a terra tem sofrido pelos aliens que ela trouxe sem querer, a família dela, o emprego e ainda resolver colocar três interesses amorosos pra ela, na metade da primeira temporada

Isso mesmo que você leu. Não foram nem um, nem dois, foram três. Ela trabalha duplamente, tem uma vida corrida, porque não dar a ela um personagem com quem ela pudesse ficar e depois, sei lá, tirar o possível romance de cena ?

A resposta é simples: ela é mulher. Não existe uma série, ao menos eu não assisti ainda, em que a protagonista fique sem se apaixonar na primeira temporada. Eles deixam caras ficando com mil garotas, eles deixam que eles usem muitas delas e que depois as deixem ir sem querer nenhuma, mas não conseguem deixar uma personagem feminina ficar na dela, sem se apaixonar e seguindo a vida sem toda a pressão que um romance coloca em sua série.

Se essa protagonista é super-heroína eles querem abusar, colocam três caras afim dela, ela afim de depois dele e que comecem os jogos. Que ela se apaixone sem razão aparecente só porque um deles é gato e que fique se martirizando e aceitando uma paixão platônica porque é normal, ela tem mil problemas pra resolver, mas vai mesmo ficar apaixonada e dando atenção só ao tal cara que tem a pica de ouro e que faz todo mundo se apaixonar... Avá, hein.




A personalidade


Eu não leio HQ. Ao menos nunca li nenhuma de heróis e não sou do tipo que fica "ele era assim no livro/HQ/fanfic", ao menos não mais. E embora não seja esse tipo de pessoa, gostaria de saber o que deu na cabeça dos produtores de Supergirl para espelharem a personagem em Felicity Smoak, de Arrow. Ok, está na moda mostrarem personagens aparentemente inseguras e que ficam apaixonadas pelo cara sem dizer nada...

Acho que por isso eles fizeram uma personalidade tão parecida com a de Felicity. Só que ao contrário do que eles acham, Felicity Smoak é totalmente diferente de Kara. E não falo só pelos poderes. Felicity é uma personagem que entra no time do herói porque é inteligente e porque é muito boa no que faz. Ela tem um crush no personagem principal, mas ao invés de ficar com toda aquela coisa de "Ele é lindo, vou passar o dia olhando pra ele e esquecer  da vida", ela consegue administrar essa vida dupla, sendo incrível no trabalho dela e ao longo da série se destacando e (isso é um spoiler) se tornando a presidente de uma empresa.

Ela era sim uma personagem com queda pelo principal, mas em momento algum ela se anulou, na verdade acho que umas das pessoas que mais bateu de frente com ele para defender o que achava certo foi ela. Tratada com algo mais do que a garota que é afim do personagem principal. Ela é uma heroína embora não vá para rua, ou, como dizem nessa quarta temporada "ela é uma vigilante".

Mas ao espelharem essa personagem que embora combine muito com Felicity, dá um outro significado em cara. Porque além da personagem dela na HQ ser diferente, ela não é uma hacker, ela não é uma especialista em TI e mesmo sendo uma super heroína falta muitas vezes a força que outras personagens de outras séries tem. Personagens essas que não tem poderes, mas não tem uma personalidade tão deturbada.

É normal ter personagens inseguros, mas eles ultrapassam os limites com Kara. Eles acham que a vida dela gira em torno do cara de que ela é afim. Um cara comprometido, mas que está ali olhando pra ela e dando esperanças. Um cara que não está respeitando a própria namorada enquanto fica sorrindo para uma garota que ele sabe que gosta dele e de quem ele está desenvolvendo um desejo ou sei lá o que ele sente.

E isso não é legal. Além de mudar a personalidade os produtores resolveram fazer da personagem insegura, cheia de amor platônico e muitas vezes com uma maturidade que só vemos em adolescentes. E eu digo adolescentes de ambos os sexos, falo mais da imaturidade, da coisa de se apaixonar e ela nem ao menos se conseguiu desenvolver o lado heroína ainda, porque ela é tratada como alguém que está ali para ser a base de um triângulo amoroso. E não a mulher forte, decidida e revolucionária que os fãs sempre dizem que ela é. É chato ver no que eles transformam as personagens quando eles querem.




Cat Grant


A rainha do feminismo na série é Cat Grant, a chefe de Kara. E, embora eu ache a personagem incrível, algumas coisas sobre ela ainda me irritam. Mais uma vez, como em diversas outras séries, ela é uma personagem forte, decidida, dona de um império, mas ela é sozinha. Ela é aquela personagem que é bem sucedida e não é casada, tem filhos, mas não pode conviver tanto com eles e ainda é julgada por se dar ao máximo ao trabalho.

Em um dos episódios a mãe dela tenta diminuí-la profissionalmente, mesmo com o gato dela ser uma empresária de sucesso. Em outro mostram a história do filho que ela não tem uma boa relação por ser tão empenhada no trabalho. E aos poucos vemos que uma das melhores personagens ainda sofre aquele pequeno preconceito de que mulheres não podem ter tudo: emprego, família e sucesso.

Ela ama os filhos, mas da pra ver que maternidade não é a coisa mais importante por isso em sua vida. É algo normal, mas que na maioria das vezes é usado nas séries para que a personagem seja colocada como a fodona que não tem ninguém. E olhar isso é muito ruim porque em diversas séries homens tem tudo, como em Arrow, Robert Queen antes de morrer era muito bem sucedido, tinha filhos e amor. E ele nunca será de longe uma pessoa tão incrível e forte quanto Cat, mas ela é mulher, né ?! É isso que eles fazem com as mulheres e é assim que as retratam nas telas.





E as partes boas...

Por último, mas não menos importante. Acho que a série tem muito potencial. Não gosto dos incômodos como Kara em um triângulo amoroso ou como as mulheres, mesmo com tanta importância na série, ainda conseguem ser subestimadas ou vistas como interesse romântico, mas a cada "aula" que Cat Grande dá sobre o feminismo e sobre como as mulheres podem ser sempre muito mais ou até mesmo a forma como Alex Denvers se mostra uma personagem que representa a classe de "agentes" que são retratadas em séries como essa, eu vejo que não dá pra desistir.

Embora tenha muitos erros, tem muitos acertos também. E muitas melhores dessa série nos mostram o quão fortes podemos ser quando unidas ou que boas profissionais estão em toda parte e que não servem só para ter romances (cito Alex, porque até agora não arranjaram um romance pra ela e a garota se destaca muito). Espero claro, que os produtores revejam essa mania de querer romantizar tudo na série e faça como o último episódio que eu assisti em que a irmandade é que era o foco e não um romance mal escrito e escroto!














Supergirl e o Feminismo Supergirl e o Feminismo Reviewed by A escritora sonhadora on 14:18 Rating: 5

2 comentários

  1. Amiga, leia as Hqs antes de escrever sua matéria, só dei risos aqui em casa. Se quiser uma Heroína feminista seja fã da Mulher Maravilha, por que o Enredo da Supergirl e totalmente diferente.

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