Nunca houve amor
Nunca houve amor
Estou
cansada de escrever sobre o amor. Escrever sobre historias bobas sobre pessoas
mais bobas ainda e que raramente tem um final triste. Por isso hoje, em um
momento de surto ou talvez razão, eu resolvi escrever sobre nós. Talvez, se
você estiver lendo, esteja rindo disso, ou apenas se perguntando se esse texto
é para você, pois eu reafirmo aqui, o texto é para você e para todos os outros
que viveram algo parecido, para aqueles que, como eu, apenas não tiveram coragem suficiente e que hoje se arrependem...Ou não.
Eu nunca
entendi bem porque as historias boas sãos as mais tristes, para mim é claro. Também
nunca entendi a dificuldade com que tudo parece acontecer na vida real, os
livros e filmes românticos nos fazem pensar que tudo pode acontecer por acaso.
Um casal se conhece e briga, se vê de novo, passam algum tempo junto e depois
estão bem e é claro, no fim acabam juntos. Ou, ao invés disso , eles se conhecem
desde o começo, mas por algum motivo não ficam juntos e então no fim conseguem
o tão sonhado momento de paz. Parei de acreditar nesses fins e recomeços quanto
te conheci.
Agora estou
ouvindo uma musica triste, lembrando-me dos momentos em que estive perto de
tudo aquilo que eu poderia sentir por você. Não sei é a musica, ou apenas as
lembranças – que não passam de fatos produzidos apenas pelos meus devaneios –
mas sinto a angustia tomar conta do meu peito. Eu já escrevi sobre você muitas
vezes, escrevi sobre o que queria que houvesse acontecido, escrevi sobre algo
que eu sonhei que aconteceu e escrevi também meus sentimentos confusos, aqueles
que eu deixo guardados a sete chaves , com acesso restrito e boas doses de fantasia.
“São apenas sonhos” eu penso, mas são mais que isso, eu os vivi. Os vivi tão,
ou mais, intensamente do que jamais ousei viver em minha vida.
Eu notei
que estava sentindo algo por você quando eu não me permitir sentir. Acho que a
minha rigidez com relação aos meus próprios sentimentos não me fizeram te
notar. Eu estava com medo, muito medo, nunca fui boa com romances e não queria
que isso acontecesse logo com você, não queria que acabasse mal, queria apenas
ter em você uma pessoa a quem eu pudesse recorrer às vezes, conversar outras e que
tudo apenas seguisse seu curso. Mas como diriam os mais velhos clichês, não
mandamos no nosso coração. E eu não fiz questão de mandar.
Me afundei
em uma solidão arrasadora, me enfiei em meu mundo particular onde apenas uma
pessoa tinha o acesso : você. Para ser sincera, não era você, era a pessoa que
eu idealizava que você fosse, me sentia idiota quando lembrava me das nossas – poucas
– conversas. Eu tentava absorver tudo que podia sobre você, suas manias, suas
historias até mesmo as poucas coisas que eu podia eu tentava. Era tão
instigante conversar com você e você nunca percebeu, nunca percebeu meu olhar,
nem meus sentimentos, nada, nada mesmo.
E isso me irritava,
não tinha sua atenção, acho que isso sempre me matou aos poucos. Estar
apaixonada por alguém que às vezes esquecia seu nome era tão ruim quanto não
ser notada. A cada lágrima que eu chorava por você – e as milhares de besteiras
que você fazia e inconscientemente me afetavam – eu prometia que não choraria
mais. Era como um vicio qualquer, eu dizia “Não vou mais gostar dele” , mas um
viciado não se cura apenas falando o que deve ou não fazer e assim eu continuei
me viciando. No fundo eu mesma sabia que não queria deixar de gostar de você,
em meus mais profundos devaneios eu achava que um dia você se cansaria dessa
distância, diria que me amava e teríamos um singelo final feliz, como aquele
dos livros, dos filmes e de tudo que eu sempre tentei não acreditar.
Fui ingênua,
eu sei, e você nada tem a ver com isso. Nunca me deu falsas esperanças, nem me
disse boas palavras, nada com que uma pessoa normal pudesse se preocupar,
apenas um abraço. Isso mesmo, um abraço em um momento de aflição, um abraço que
aqueceu meu coração e fez com que eu pensasse como seria, ser abraçada constantemente
com você, ter seus braços envolto em minha cintura, seus beijos e até algo
mais. Esse abraço foi à porta para mais um devaneio meu, era tão bom te
abraçar, eu só havia feito isso uma vez, mas sentia como se fosse a melhor
coisa que fiz em minha vida e lembro-me até hoje.
Sonhei com
tantos momentos improváveis, sonhei com tudo que eu realmente queria que
acontecesse, mas nem só de sonho vive o homem, a cada despertar eu me sentia
mais burra, mais viciada e perdida. Me levantei um dia disposta a te esquecer,
tinha que te esquecer, primeiro chorei tudo que tinha para chorar, como se
fosse em um computador, tentei deletar todas as memórias, todas as emoções que
eu sentia ao te ver e principalmente os sonhos, os sonhos que em minha mente
pareciam tão fixadas a ponto de não sair de maneira alguma, foram-se também embora.
Quando eu acabei a minha limpeza espiritual, continuei chorando, mas dessa vez
era por dentro, por tudo que eu ainda sentia, mas que preferia não sentir, preferia
esquecer, tanto que te evitei. Foi tão fácil te evitar, esquecer você foi mais difícil, mas depois de passar meses sem te ver eu consegui.
Às vezes me
pegava pensando em você, e odiava ouvir o que todos falavam “Você ainda gosta
dele ?” era tão demolidor quanto começar uma dieta e comer um pote de sorvete.
Eu apenas dizia que não, eu não gostava de você, nunca gostei e nem pensava nisso,
mas sentia vontade dizer a verdade, dizer que o tanto que eu chorei naquelas
malditas noites infernais, aquelas mesmas noites em que eu chorava
desesperadamente por me sentir sozinha, por me sentir longe de você e de dia colocava
uma máscara, aquela que dizia que eu não me importava, o incrível era como
todos acreditavam nisso, todos continuam acreditando, até mesmo você.
Por isso
resolvi escrever esse texto, existem historias mais frias que a minha, existem
historias mais curtas que a minha, mas o tanto que eu chorei não apaga a dor
que eu senti, as mentiras que eu contava e como eu acabava comigo por dentro,
realmente, nunca vai existir uma historia assim. Então se estiver lendo, saiba
que toda dor passa, ela pode ser eterna apenas se você deixar, ela pode te
corroer, pode te arrasar. Acredito que você nunca tenha sentido o mesmo por
mim, nem por um segundo, mas tudo que eu senti foi real e é isso que importa,
da minha parte houve amor até demais, houve um amor não correspondido, incompreendido,
e que me ensinou, me ensinou do que qualquer outra vivencia me ensinaria.
Por isso
aqui eu me despeço, sei que não é realmente uma despedida, não por um texto,
não de uma historia que não foi vivida, apenas me despeço porque sei que um
dia, no futuro, quando eu tiver maturidade e experiência suficiente para
lembrar-me de tudo isso sem magoas, magoas que nem deveriam existir, porque não
é sua culpa, nem minha e também não é do meu coração. Os sentimentos são assim
mesmo, nos fazem refém, quando nossa maior vontade é estar libertos. Então é adeus – mesmo sendo contra falar essa
palavra – eu me despeço de meus sentimentos, volto a trancá-lo em uma caixa
fechada, volto a esquecê-los, porque nem mesmo em meus sonhos mais profundos,
agora, existe nada sobre você!
Nunca houve amor
Reviewed by A escritora sonhadora
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17:42
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