Foi..

 Foi...

Estive relendo alguns textos meus, estava apenas corrigindo alguns, mudando outros, quando notei. Notei que meus textos, a maioria deles, foram feitos para você.  Neles estão contidos os sentimentos mais profundos que já tive por você.  Olhando para eles consigo notar uma outra eu, uma eu mais insegura, mais triste, tão apaixonada que nem ao menos conseguia entender a profundidade de seus sentimentos.

É tão estranho notar que o sentimento que eu achei ser infinito, que eu tinha certeza que morreria comigo, não existe mais. Anos e mais anos de textos escritos, lágrimas desesperadas, amor não correspondido e a vontade de estar liberto daquele sentimento que aprisionava minha alma. E então eu descubro que ele não existe mais. Que o amor que eu achava ser forte e verdadeiro foi apenas uma tempestade passageira.

Não estou reclamando, apenas entendo.  Não sinto mais nada quando os leio, não penso mais em você como pensava, não idealizo, não choro e não vejo mais você na minha vida. Antes eu achava que, como em uma história de romance, o futuro nos pertenceria e estaríamos juntos para sempre. E hoje eu me acho tão boba por ter pensado assim. Até mesmo por ter nutrido sentimentos por você. Agora o sentimento parece surreal, o que antes havia sido doloroso e belo, se torna em minha mente algo tão banal.

Eu sofri muito por você. Sofri por um relacionamento que não existiu. Sofri porque a cada convite de algum garoto que eu recusava eu estava reafirmando para mim mesma o quão “poderoso” era aquele sentimento. E aos poucos, bem aos poucos, eu vi que não era nada disso. Que eu não podia, não devia e nem queria me sentir presa a alguém que eu não tinha. Alguém que no fundo, eu não amava. Acho que me agarrei ao sentimento que sentia por você como um naufrago se agarra a um bote salva–vidas e achei que isso, esse amor de mentirinha fosse salvar minha vida.

E não adiantou. Quando teve que ir embora, ele foi. E eu não olhei para trás, nem podia. Nem queria. Eu escrevia textos para você, porque nunca pude falar o que eu sentia. Eu acumulei aquilo tudo e achei que um momento eu poderia explodir e colocar aquilo para fora... Mas não percebi que eu estava fazendo aquilo, com cada texto, cada frase, cada parte dos meus sentimentos que eu transformava em palavras estava e libertando.

Eu descobri que todo o sentimento foi embora. Ele foi, seguiu o caminho dele, acabou, deixou de existir. E eu me sinto bem. Sinto–me bem porque, aos poucos, eu me transformei sem perceber. Me transformei em uma mulher que não deixou que os sentimentos acabassem com ela. Meus textos agora são sobre pessoas, as que deixaram minha vida, as que continuam nela e as que eu nunca deixaria que saíssem. Mas esse texto, apesar de ser sobre você como os outros, não é para você. É para mim e para todas as pessoas que acham que um sentimento – sofrimento – é tão forte a ponto de durar para sempre. Lembrem–se que depois de uma noite de tempestade o sol nasce outra vez, para ‘ele’, para mim e para vocês.