As cartas que eu não mando — Valentine's Day



Olá, gente, como estão ? Hoje, eu tive a oportunidade de escrever com um amigo que gosto muito, Hércules Andrade do blog "Com Enfase", confesso que foi incrível. Porque Hércules é mesmo um grande amigo, estudamos juntos e ele escreve bem pra caramba. Acredito que no futuro talvez pinte mais textos nossos por aí. A ideia de "As cartas que não mando" é mostrar cartas que nunca foram entregues aos destinatários da forma que deveriam... Então, leiam e enjoy!!!





"Eu te amo!
Amo seu olhar, seu sorriso, eu amo você e eu amo amar você. Hoje te escrevo essa carta com a intenção de expressar um pouco do que sinto por você. 
Sabe o que me encanta em você?, esse teu jeito de rir quando fica nervoso, suas danças das nossas músicas preferidas sou tão apaixonada por você, não fico um minuto sem pensar nos seus beijos, no seu jeito dengoso e carinhoso de ser. 
Não se engane, você também me irrita, essa sua capacidade de se afirmar sempre certo diante de algo que você discorda. Tão tolerante. Odeio quando te ligo e você não me atende, mas adoro ouvir suas desculpas, pra lá de atrapalhadas, tentando evitar briga. 
Qual casal não briga ou discute, fazemos parte da grande maioria que provavelmente faz isso por motivos bestas, mas tudo tem seu lado bom e, o gostoso é aquele sorriso, de canto de boca indecente, que só você sabe fazer quando nossas pequenas ‘guerras’ se acabam. 
Sabe, que seja bom em quanto dure, e que dure por muito tempo. Porquê se um dia terminar, não sei se vou conseguir sobreviver, sem seu conforto, sem aquele abraço apertado, que envolve meu corpo. Você me mostrou o lado bom da vida e eu, bem, eu fui uma aprendiz.
São esses pequenos instantes, que nosso amor me/nos proporciona, que me faz acordar todos os dias querendo ter você por perto, pois juntos somos um só!"


Infelizmente Júlia não entregou essa carta, Pedro, que era seu namorado, terminou o namoro com ela no dia da entrega, no dia dos namorados, pois o amor não era tão recíproco. Na vida sempre temos um grande amor que muitas vezes não nos ama da mesma forma, e talvez esse fosse o caso deles. Ele era a metade dela, mas ele não encontrou nela a sua metade. Infelizmente algo os separou, no dia 12 de junho. Ele amava outra e a Júlia, teve que seguir em frente.




"Bahia, 19.06.2011

Olá,

Há algum tempo gostaria de ter te escrito essa carta. Protelei, eu sei. E talvez você nunca a leia... Talvez seja apenas um desabafo de um homem desesperado. Porque é isso que eu sou. Eu estive pensando em te ligar, em te chamar para sair ou talvez ir até a sua casa... Queria falar tudo que não pude por muitos anos. Tudo que fui orgulhoso demais para dizer, tudo que tive medo. Isso me afetou por um bom tempo. 

Continuo olhando para nossas fotos, nossas cartas, continuo pensando em como deveria ter sido o fim. Como não deveria ter sido, para ser sincero. A todo momento penso em você, desde a última vez que a vi eu não consigo mais dizer o que é certo e o que é errado e todos os meus valores, que sempre foram tão bem definidos, quase não existem mais. Eu poderia dizer mil vezes que sinto sua falta, ainda assim seria pouco. Eu poderia tentar consertar mil vezes o que fiz, ainda assim sei que não seria nada. 

É algo que acontece nas melhores famílias, nos melhores casamentos, nas melhores histórias... E nas piores também. Queria poder dizer que houve uma história, uma história incrível, que cativou aos dois e que nos fez crescer e amadurecer de forma saudável. Mas não houve. Foi pancada atrás de pancada, foi mentira atrás de mentira. Fui fraco, fui idiota e por mais que eu jamais tenha dito em voz alta, eu sinto muito. 

Sinto pelas faltas, pelas promessas vazias, pelas mentiras... Todas. Por quebrar seu coração, por fazê-la acreditar em contos de fadas, por nos dar uma chance quando eu sabia que não poderia ir até o fim. Eu te amei, eu te desejei e tudo poderia ser perfeito... Se você pudesse me perdoar... Se pudesse vez o quão imaturo eu era, se pudesse me olhar nos olhos novamente. Eu não pensaria.

Falaram-me hoje sobre o primeiro amor... E imediatamente lembrei de você. Senti as lágrimas brotaram em meus olhos e por alguns segundos fiquei tão desconsertado que a única saída foi disfarçar. Disfarçar algo que sempre esteve evidente, algo que eu, em meio ao caos e confusão da minha mente atribulada, não entendi. Você sempre esteve e sempre estará em meu coração. Não importa o que faça para me livrar, não importa o que eu faça para tentar resistir. 

Talvez um dia... Eu consiga vê-la sorrir para mim novamente. Espero do fundo do meu coração que esteja bem. Que esteja seguindo seu caminho, que não esteja presa ao que um babaca como eu te fez uma vez... Porque você merece o melhor, merece tudo de bom.

Álvaro Pedrada (meu sobrenome nunca disse tanto sobre mim como nesse momento)"


Ele não havia mandado aquela carta, mas ela a tinha. Havia uma semana que estava lendo e relendo aquela carta, aquele pedido de desculpas de alguém com quem jamais iria falar... Se ela ao menos soube... Como a carta sugeria, os "talvez" dos dois jamais seriam respondidos. Foi aquela carta amassada de páginas amareladas que os paramédicos acharam depois que a tentativa de socorrê-lo falhou. Morreu com 35 anos de idade, uma carreira maravilhosa, o peito abarrotado de culpa e a boca cheia de verdades que ele nunca mais poderia dizer.





Por Hércules Andrade e Ilana Sodré





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